As dietas restritivas prejudicam o desempenho do corpo e da mente e sem uma alimentação correta, o exercício não tem todos os benefícios. Sendo assim, é essencial ter uma dieta balanceada sem a exclusão de nenhum nutriente para que os treinos rendam mais e o resultado seja completo e duradouro.

O detox do açúcar é mais um exemplo de dieta restritiva e que pode ser considerada mais uma das “modas” da nutrição; não possui nenhuma base científica, além de não ter nenhum benefício comprovado por estudos. Na prática de exercícios físicos, dietas assim fazem a pessoa se sentir fraca porque, além do corpo depender de todos os nutrientes, quando se fala em exercício, o carboidrato, por exemplo, tem papel fundamental como fonte de energia.

Ainda neste tópico, o ideal é ingerir um carboidrato simples no pré-treino, pois vai te dar energia para fazer os exercícios propostos. Sendo assim, uma fruta, um chocolate ou um pão com geleia são boas opções. Para depois da atividade física, recomenda-se ingerir um carboidrato e uma proteína, a última ajudará na construção dos músculos. Não há uma regra certa, porém, é essencial se alimentar antes e depois do treino.

body.mag: Pesquisando pela internet, o que mais se encontra são “dicas”, muitas vezes sem fontes confiáveis, blogs que copiam matérias e assim por diante. Como o atleta deve se situar nesse universo de informações?

Marcio Atalla: O ideal antes de começar a se exercitar é fazer uma consulta com uma nutricionista e um preparador físico. Diferente de outras fontes de informação, os especialistas poderão ajudar de acordo com as necessidades individuais. Há fontes confiáveis na internet, porém, a verdade é que cada organismo é diferente e a generalização pode ser prejudicial.

O que realmente funciona na hora dos exercícios é a constância e a regularidade. Os treinos da moda são passageiros e, muitas vezes, podem não ser o ideal para o seu tipo de corpo ou suas necessidades. Não é proibido copiar os exercícios dos influenciadores online, porém, é preciso estar atento se aquela opção está de acordo com a sua rotina, hábitos e se trará o retorno desejado conforme o seu objetivo.

body.mag: Ainda seguindo o tema, duas expressões são encontradas com certa frequência em buscas pela internet: as “Superfoods” e “Powerhouse Fruits and Vegetables”. O que são (se é que são…) e como devemos encarar o consumo destes alimentos?

Marcio Atalla: Há uma tendência de supervalorizar alguns alimentos e “vilanizar” outros; as “superfoods” e “powerhouse fruits e vegetables” são reflexos dessa tendência. Porém, não existem heróis e vilões na alimentação. Nenhum nutriente faz milagres, assim como nenhum alimento traz malefícios sozinho. A questão é a quantidade. O vilão, na verdade, é o excesso da ingestão dos alimentos.

Portanto, os açúcares ou qualquer outro nutriente, isoladamente, não provocam o aumento de peso. O excesso de gordura corporal é resultado da ingestão de mais calorias do que o necessário. Essas calorias extras podem vir de qualquer nutriente calórico (proteína, gordura, álcool e carboidratos).

Assim, as “superfoods” e “powerhouse fruits e vegetables”, que podem ser resumidas como “comidas milagrosas” devem ser vistas com ressalvas. Já que, de maneira geral a reeducação alimentar é a melhor saída, independente do objetivo da dieta, seja o emagrecimento ou a busca por um estilo de vida mais saudável. Isso por que, a reeducação foca na adaptação das quantidades e no equilíbrio alimentar em relação a cada organismo e não torna nenhum alimento melhor ou pior que outro.

Além disso, o organismo precisa de todos os nutrientes para o seu bom funcionamento e quando há a exclusão de um deles, além do corpo fazer reservas – podendo acumular gorduras, por exemplo – a tendência é que, ao término de uma dieta muito restritiva, o indivíduo compense o que deixou de comer ingerindo porções maiores.

body.mag: Hidratação é outro tema muito controverso. Não pela necessidade, mas pela quantidade.
Já vimos vinhetas de TV repetidamente indicando meio litro de água antes e 250 ml “a cada 15 minutos de exercício”. Existe uma medida média ideal em um treino de corrida?

Marcio Atalla: Na verdade, isso vai variar do tipo de atividade física, do ambiente onde ela é feita e da quantidade de líquido que a pessoa perde e isso varia de pessoa para a pessoa. O número passado é excessivo para a maioria das práticas de atividade física. O hidratar antes e a cada 15 minutos é bacana, mas não em uma quantidade pré-estabelecida. Isso vai variar, como disse antes, de acordo com as condições e o organismo.

body.mag: Suplementação é outro tema sempre complicado pois, sem medo de errar, muitas pessoas vão na base do ‘meu amigo falou’. É possível buscar suplementos sem prescrição de um nutricionista?

Marcio Atalla: O ideal é sempre consultar um nutricionista. Ele irá avaliar a alimentação e, ai sim, ver a real necessidade de suplemento e qual o suplemento mais indicado.

body.mag: Como você tomou consciência da necessidade de cuidar do seu corpo e em que momento você descobriu essa vocação para ensinar e motivar outras pessoas?

Marcio Atalla: Eu sempre tive a vocação para o movimento, para fazer atividade física. Sempre fui muito incentivado pelos meus pais, que também eram exemplos. Mas foi dando treinos para atletas de alto rendimento que percebi o quanto as pessoas que acompanhavam precisavam se cuidar e colocar o corpo em movimento. Assim, passei a estudar muito a importância do movimento para o corpo funcionar bem. Mas acredito que sempre tive essa facilidade para ensinar e me relacionar com os alunos.

body.mag: No final das contas… onde se deve buscar a motivação em nosso interior?

Marcio Atalla: A motivação vem do prazer. Sendo assim, é preciso encontrar o exercício ideal para você. Caso não goste de academia, vale praticar corrida ou caminhada, dançar, nadar, subir e descer escada, entre outras opções. Há uma variedade considerável no mercado.

Outra dica é olhar para o seu ambiente e encontrar oportunidades para se movimentar. Subir de escada em vez de elevador, nadar na piscina do prédio aos fins de semana, andar até o trabalho, entre outros movimentos, podem ser boas opções.

Além disso, o movimento deve ser uma atitude que lhe traga prazer e não uma obrigação. O ser humano é poupador por natureza, então, o ideal é encaixar a atividade física em um momento que ela não ocupe outro compromisso.

Envolver outras pessoas também gera motivação, já que um acaba puxando o outro a ser melhor e cumprir o compromisso de fazer atividade física. Por fim, seja honesto em relação as suas limitações e hábitos. Escolha algo que você possa exercer regularmente de fato para que o exercício se torne um hábito. Para vencer a preguiça, é preciso pensar nos benefícios dos exercícios e do movimento de curto e em longo prazo: longevidade, autonomia, economia, autoestima, sociabilidade e estética.